"Do marxismo clássico ao pluralismo agonístico: O projeto democrático radical e plural"
(Terça, 11-12, às 15h00 - Sala 05 do PASL)

Resumo:

A análise histórica do marxismo, traçada por Chantal Mouffe em sua obra Hegemony and Socialist Strategy, entende que, em meados dos anos de 1970, a teorização marxista tinha claramente chegado a um impasse. Depois de um período excepcionalmente rico e criativo na década de 1960, os limites dessa expansão estavam muito visíveis. Houve um crescente distanciamento entre a realidade do capitalismo contemporâneo e o que o marxismo poderia legitimamente englobar sob suas próprias categorias. Esta situação, em geral, provocou dois tipos de atitude: a primeira referente à possível negação das mudanças ocorridas no âmbito político e econômico, provenientes do capitalismo contemporâneo; a segunda resumir-se-ia às análises descritivas das novas tendências que foram simplesmente justapostos - sem integração - a um corpo teórico que se manteve praticamente inalterado. Rever as categorias marxistas à luz desta série de novos problemas requer, necessariamente, a reestruturação do antigo, ou seja, desconstruir as categorias centrais dessa teoria, o processo de desapropriação de uma tradição intelectual, bem como o processo de ir além dela. Neste sentido, no desenvolvimento desta tarefa, é importante ressaltar que este processo não pode ser concebido apenas como uma história interna do marxismo, uma vez que muitos antagonismos sociais, cruciais à compreensão das sociedades contemporâneas, pertencem a campos de discursividade que são externos ao marxismo clássico, e não podem ser examinados em termos de dadas categorias marxistas, o que coloca o marxismo clássico em questão, ratificando-o como um sistema teórico fechado, conduzindo-nos à postulação de novos pontos de partida para a análise social. Diante do exposto, faz-se imprescindível pensar de que forma a teoria marxista poderá corroborar para a compreensão das recentes tendências pluralistas evidenciadas nos novos movimentos democráticos e no capitalismo contemporâneo. Para tanto, partiremos da ruptura realizada por Chantal Mouffe com algumas categorias centrais do marxismo clássico (necessidade histórica, classe universal e a concepção do comunismo como uma forma transparente de sociedade), na obra Hegemony and Socialist Strategy, visando identificar os fatores que a levaram à ruptura, esclarecendo a inevitável presença ontológica do antagonismo no âmbito político e nas demais esferas do social, de forma a ressaltar a configuração de um projeto democrático radical e plural que contemple os problemas da sociedade globalizada e da informação.

programação interna GERAL do GT Poética Pragmática No III Encontro DE SÃO LÁZARO

Nenhum comentário:

Você está convidado a deixar seu comentário – breve ou superficial que seja – a qualquer dos textos.